quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

PROJETO DE PREFÁCIO
Sábias agudezas... refinamentos...não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraíres
como com essas imagens mutantes de caleidoscópios.
Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe
Um poema não é também quando paras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre...
Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras.

Mario Quintana



terça-feira, 28 de dezembro de 2010

As duas flores
São duas flores unidas
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo,no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.

Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.

Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.

Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!
                                                                               
                                                                                                                                                               
                                                                                                                                                                                   

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Lágrimas Ocultas (Florbela Espanca)

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que rí e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi outras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
 

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Al perderte yo a ti
Al perderte yo a ti, tú y yo hemos perdido:
yo porque tú eras lo que yo más amaba,
y tú porque yo era el que te amaba más.
Pero de nosotros dos, tú pierdes más que yo:
porque yo podré amar a otras como te amaba a ti,
pero a ti no te amarán como te amaba yo.
Ernesto Cardenal (poesia Nicaraguense)


segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Revolução da Alma
Ninguém é dono da sua felicidade, por isso não entregue sua alegria, sua paz sua vida nas mãos de ninguém, absolutamente ninguém. Somos livres, não pertencemos a ninguém e não podemos querer ser donos dos desejos, da vontade ou dos sonhos de quem quer que seja. A razão da sua vida é você mesmo. A tua paz interior é a tua meta de vida. Quando sentires um vazio na alma, quando acreditares que ainda está faltando algo, mesmo tendo tudo, remete teu pensamento para os teus desejos mais íntimos e busque a divindade que existe em você. Pare de colocar sua felicidade cada dia mais distante de você. Não coloque o objetivo longe demais de suas mãos: abrace os que estão ao seu alcance hoje. Se andas desesperado por problemas financeiros, amorosos, ou de relacionamentos familiares, busca em teu interior a resposta para acalmar-te, você é reflexo do que pensas diariamente. Pare de pensar mal de você mesmo(a), e seja seu melhor amigo(a) sempre. Sorrir significa aprovar, aceitar, felicitar. Então abra um sorriso para aprovar o mundo que te quer oferecer o melhor. Com um sorriso no rosto as pessoas terão as melhores impressões de você, e você estará afirmando para você mesmo que está "pronto“ para ser feliz. Trabalhe, trabalhe muito a seu favor. Pare de esperar a felicidade sem esforços. Pare de exigir das pessoas aquilo que nem você conquistou ainda. Critique menos, trabalhe mais. E não se esqueça nunca de agradecer. Agradeça tudo que está em sua vida nesse momento (...) Nossa compreensão do universo ainda é muito pequena para julgar o que quer que seja na nossa vida. A grandeza (da vida)não consiste em receber honras, mas em merecê-las.
Aristóteles


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A Lista
Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?
Oswaldo Montenegro



sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Mal secreto
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
Raimundo Correia

Instrumento
A cana agreste ou a harpa de ouro
permitem que alguém acorde
com brando pulso ou leve sopro.
Têm memória de água e vento
e – além dos mundos desvairados –
do silêncio, o etéreo silêncio!
Seus poderes de eternidade
tornam imenso e inesquecível
o som mais transitório e suave.
Chega-te concentrado e cauto,
que o universo inteiro te escuta!
Frase inútil, suspiro falso
vibram tão poderosamente
que a mão pára, o lábio emudece,
com medo do seu próprio engano.
E o eco sem perdões o repete
para um ouvinte sobre humano.



quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Soneto XXIII
William Shakespeare
Como no palco o ator que é imperfeito
Faz mal o seu papel só por temor,
Ou quem, por ter repleto de ódio o peito
Vê o coração quebrar-se num tremor,
Em mim, por timidez, fica omitido
O rito mais solene da paixão;
E o meu amor eu vejo enfraquecido,
Vergado pela própria dimensão.
Seja meu livro então minha eloqüência,
Arauto mudo do que diz meu peito,
Que implora amor e busca recompensa
Mais que a língua que mais o tenha feito.
Saiba ler o que escreve o amor calado:
Ouvir com os olhos é do amor o fado.


Traduzir-se
de Ferreira Gullar
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
-que é uma questão
de vida ou morte-
será arte?

O Ninho
O musgo mais sedoso, a úsnea mais leve
Trouxe de longe o alegre passarinho,
E um dia inteiro ao sol paciente esteve
Com o destro bico a arquitetar o ninho.
Da paina os vagos flocos cor de neve
Colhe, e por dentro o alfombra com carinho;
E armado, pronto enfim, suspenso, em breve,
Ei-lo, balouça à beira do caminho.
E a ave sobre ele as asas multicores
Estende e sonha. Sonha que o áureo pólen
E o néctar suga às mais brilhantes flores;
Sonha… Porém, de súbito, a violento
Abalo acorda. Em torno as folhas bolem…
É o vento! E o ninho lhe arrebata o vento
Alberto de Oliveira

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Lutar com Palavras é a Luta Mais Vã
Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã. São muitas, eu pouco. Algumas, tão fortes como o javali. Não me julgo louco. Se o fosse, teria poder de encantá-las. Mas lúcido e frio, apareço e tento apanhar algumas para meu sustento num dia de vida. Deixam-se enlaçar, tontas à carícia e súbito fogem e não há ameaça e nem há sevícia que as traga de novo ao centro da praça.
Carlos Drummond de Andrade

sábado, 20 de novembro de 2010

“Aquilo que é o melhor para nós nem sempre é o mais fácil. Mas, em última análise, é o que realmente compensa.”
Autor: Couto Nogueira

Perdido no meio das engrenagens extremamente complexas das civilizações modernas, vendo apenas efeitos cujas causas ignora, a multidão sente-se tentada a atribuir a vontades particulares os acontecimentos que resultam unicamente das leis gerais que regem o encadeamento das coisas”
Autor: Le Bon , Gustave

“O Caminho para o Sucesso é Incompreendido pelos Outros”
Se desejas ser bem sucedido, resigna-te, caro, face às coisas exteriores, por passar por insensato ou mesmo por tolo. Mesmo que saibas, não mostres qualquer saber; e se alguns te consideram alguém, desafia-te a ti próprio e desconfia de ti. Que saibas sempre, na verdade, que não é fácil de preservar a vontade em conformidade com a natureza, pois que, simultaneamente, sempre nos inquietamos com as solicitações do exterior.
Ora que fazer? Só uma regra necessária se impõe: quando nos ocupamos da vontade tendo a natureza por fundo (e nossa íntima intenção) só a uma coisa nos podemos obrigar - evitar qualquer desvio daquele nosso primeiro propósito.
Autor: Epicteto

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

“Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu”.
O educador diz: “Veja!” – e, ao falar, aponta.
O aluno olha na direção apontada e vê o que nunca viu.
Seu mundo se expande.
Ele fica mais rico interiormente.
E, ficando mais rico interiormente, ele pode sentir mais alegria e dar mais alegria – que é a razão pela
qual vivemos.
Já li muitos livros sobre psicologia da educação, sociologia da educação, filosofia da educação –
mas, por mais que me esforce, não consigo me lembrar de qualquer referência à educação do olhar ou à
importância do olhar na educação, em qualquer deles.
A primeira tarefa da educação é ensinar a ver. É através dos olhos que as crianças tomam contato com
a beleza e o fascínio do mundo.
Os olhos têm de ser educados para que nossa alegria aumente.
A educação se divide em duas partes: educação das habilidades e educação das sensibilidades. Sem a educação das sensibilidades, todas as habilidades são tolas e sem sentido.
Os conhecimentos nos dão meios para viver. A sabedoria nos dá razões para viver.
Quero ensinar as crianças.
Elas ainda têm olhos encantados.
Seus olhos são dotados daquela qualidade que, para os gregos, era o início do pensamento: a capacidade de se assombrar diante do banal.
Para as crianças, tudo é espantoso: um ovo, uma minhoca, uma concha de caramujo, o vôo dos urubus, os pulos dos gafanhotos, uma pipa no céu, um pião na terra. Coisas que os eruditos não vêem.
Na escola eu aprendi complicadas classificações botânicas, taxonomias, nomes latinos – mas esqueci.
Mas nenhum professor jamais chamou a minha atenção para a beleza de uma árvore, ou para
o curioso das simetrias das folhas.
Parece que, naquele tempo, as escolas estavam mais preocupadas em fazer com que os alunos decorassem palavras que com a realidade para a qual elas apontam.
As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. Aprendemos palavras
para melhorar os olhos.
Quando a gente abre os olhos, abrem-se as janelas do corpo, e o mundo aparece refletido dentro
da gente.
Jardins bonitos há muitos, mas só traz alegria o jardim que nascer dentro da gente.
São as crianças que, sem falar, nos ensinam as razões para viver.
Elas não têm saberes a transmitir.
No entanto, elas sabem o essencial da vida.
Quem não muda sua maneira adulta de ver e sentir e não se torna como criança jamais será sábio. ”

Texto de Rubem Alves

sábado, 13 de novembro de 2010

A arte de ser feliz

Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz. Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Às vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz. Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
Cecília Meireles


segunda-feira, 8 de novembro de 2010

"Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música
não começaria com partituras, notas e pautas.
Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria
sobre os instrumentos que fazem a música.
Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria
que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas
escritas sobre cinco linhas.
Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas
para a produção da beleza musical.
As experiências da beleza tem de vir antes."
Rubel Alves

sábado, 6 de novembro de 2010

É triste pensar que a natureza fala e que o gênero humano não a ouve.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010


"Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundos, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força consegue destruir."
C. Drummond de Andrade
"Só é útil o conhecimento que nos torna melhores."
Sócrates

"Não são as ervas más que afogam a boa semente, e sim a negligência do lavrador."
Confúcio

"O sábio não é o homem que fornece as verdadeiras respostas; é o que formula as verdadeiras perguntas."
Claude Lévi-Strauss

"Quanto mais você pensar em seus infortúnios, mais poder terão eles para magoá-lo."
Voltaire

"O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano."
Isaac Newton

"Abençoa a pedra e a pedra servirá na edificação."
Emmanuel

"Não se pode ensinar tudo a alguém. Pode-se, apenas, ajudá-lo a encontrar por si mesmo."
Galileu Galilei

A raiva e o ódio são os nossos reais inimigos. São as forças que precisamos confrontar e vencer, não são os 'inimigos' temporários que aparecem intermitentemente em nossas vidas.'
Dalai-Lama

"A ingratidão dos familiares e o azedume dos que mais amas são convites e apelos à revelação de tua própria bondade."
Meimei
                                                                                                            

Frases

Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo. Paulo Freire

Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.  Paulo Freire


"As coisas mais simples da vida são as mais extraordinárias, e só os sábios conseguem vê-las." Paulo Coelho

 

sábado, 23 de outubro de 2010

TALVEZ
Talvez eu venha a envelhecer rápido demais. Mas lutarei para que cada dia tenha valido a pena.
Talvez eu sofra inúmeras desilisões no decorrer da minha vida. Mas farei com que elas percam a importância diante dos gestos de amor que encontrei.
Talvez eu não tenha forças para realizar todos os meus ideais. Mas jamais irei me considerar um derrotado.
Talvez em algum instante eu sofra uma terrível queda. Mas não ficarei por muito tempo olhando para o chão.
Talvez um dia eu sofra alguma injustiça. Mas jamais irei assumir o papel de vítima.
Talvez eu tenha que enfrentar alguns inimigos. Mas terei humildade para aceitar as mãosque se estenderem em minha direção.
Talvez numa dessas noites frias, eu derrame muitas lágrimas. Mas não terei vergonha por este gesto.
Talvez eu seja enganado inúmeras vezes. Mas não deixarei de acreditar que em algum lugar alguém mereça a mimnha confiança.
Talvez no decorrer dos anos eu perca grandes amizades. Mas irei aprender que aqueles que realmente são meus verdadeiros amigos nunca estarão perdidos.
Talvez algumas pessoas queiram o meu mal. Mas irei continuar plantando a semente da fraternidade por onde passar.
Talvez eu fique triste ao concluir que não consigo seguir o ritimo da música. Mas então, farei com que a música siga o compasso dos meus passos.
Talvez eu nunca consiga enxergar um arco-iris. Mas aprenderei a desenhar um, nem que seja dentro do meu coração.
Talvez hoje eu me sinta fraco. Mas amanhã irei recomeçar, nem que seja de uma maneira diferente.
Talvez eu não aprenda todas as lições necessárias. Mas terei a consciência de que os verdadeiros ensinamentos já estão gravados em minha alma.
Talvez eu me deprima por não ser capaz de saber a letra daquela música. Mas ficarei feliz com as outras capacidades que possuo.
Talvez eu não tenha motivos para grandes comemorações. Mas não deixarei de me alegrar com as pequenas conquistas.
Talvez a vontade de abandonar tudo torne-se minha companheira. Mas ao invés de fugir, irei correr atrás do que almejo.
Talvez eu não seja exatamente o que eu gostaria de ser. Mas passarei a admirar quem sou. Porque no final saberei que mesmo com incontáveis dúvidas eu sou capaz de construir uma vida melhor.
E se ainda assim não me convencer disso, é porque como diz aquele ditado "AINDA NÃO CHEGOU O FIM"
Porque no final não haverá nenhum "TALVEZ" e sim a certeza de que minha vida valeu a pena e eu fiz o melhor que podia.

ARISTÓTELES ONASSIS

 
A AMIZADE
KHALIL GIBRAN

Vosso amigo é
a satisfação de vossas necessidades.
Ele é o campo que semeais com carinho
e ceifais com agradecimento.

É vossa mesa e vossa lareira.
Pois ides a ele com vossa fome
e o procurais em busca de paz

Quando vosso amigo expressa o pensamento,
não temais o "não" de vossa própria opinião,
nem prendais o "sim".
E quando ele se cala, que vosso coração
continue a ouvir o coração dele,

Porque na amizade, todos os desejos,
ideais, esperanças, nascem e são partilhados
sem palavras, numa alegria silenciosa.

Quando vos separais de vosso amigo,
não vos aflijais.
Pois o que amais nele
pode tornar-se mais claro na sua ausência,
como para o alpinista a montanha
aparece mais clara, vista da planicie.

E que não haja outro objetivo na amizade
mas somente o amadurecimento de espirito.
Pois o amor que procura outra coisa,
que não a revelação de seu próprio mistério,
não é amor, mas uma rede armada,
e somente o imprestável é nela apanhado.

E que o melhor que há em vós próprios
seja para o vosso amigo.
Se ele deve conhecer o fluxo de vossa maré,
que conheça também o seu refluxo.
Pois, quem julgais que é o vosso amigo,
se o procurais apenas para passar o tempo?

Buscai-o sempre, com horas para viver:
O papel do amigo é encher vossa necessidade,
e não o vosso vazio.
E na doçura da amizade,
que haja risos e o partilhar dos prazeres.

Pois no orvalho de pequenas coisas,
o coração encontra a sua manhã
e se sente refrescado.

LAO-TSÉ

As palavras verdadeiras não são bonitas,
as palavras bonitas não são verdadeiras.

A habilidade não é persuasiva,
a persuasão é destituída de mérito.

O Sábio não é erudito,
o erudito não é sábio.

O Sábio não acumula posses.
Quanto mais ele faz para os outros,
mais ele possui.
Quanto mais dá aos outros,
mais ele recebe.

O Tao do Céu "favorece sem prejudicar".
O Tao do Sábio é "agir sem lutar" 
Lao-Tsé do livro TAO-TE KING 

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

VIDA

 “Já perdoei erros quase imperdoáveis, tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis”.
Já fiz coisas por impulso,
Já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas também decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,
Já dei risada quando não podia,
Já fiz amigos eternos,
Já amei e fui amado, mas também já fui rejeitado,
Já fui amado e não soube amar.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
Já vivi de amor e fiz juras eternas, mas "quebrei a cara" muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
Já liguei só pra escutar uma voz,
Já me apaixonei por um sorriso,
Já pensei que fosse morrer de tanta saudade e... ...tive medo de perder alguém especial
(e acabei perdendo)! Mas sobrevivi!
E ainda vivo!
Não passo pela vida...
e você também não deveria passar. Viva!!!
Bom mesmo é ir a luta com determinação,
Abraçar a vida e viver com paixão,
Perder com classe e vencer com ousadia,
Porque o mundo pertence a quem se atreve
E
A VIDA É MUITO
para ser insignificante"



quinta-feira, 21 de outubro de 2010

SONETO LXV
Se a morte predomina na bravura
Do bronze, pedra, terra e imenso mar,
Pode sobreviver a formosura,
Tendo da flor a força a devastar?
Como pode o aroma do verão
Deter o forte assédio destes dias,
Se portas de aço e duras rochas não
Podem vencer do Tempo a tirania?
Onde ocultar - meditação atroz -
O ouro que o Tempo quer em sua arca?
Que mão pode deter seu pé veloz,
Ou que beleza o Tempo não demarca?
Nenhuma! A menos que este meu amor
Em negra tinta guarde o seu fulgor.
William Shakespeare

domingo, 17 de outubro de 2010

Carta escrita no Ano 2050
Acabo de completar 50 anos, mas a minha aparência é de alguém de 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo pouca água. Creio que me resta pouco tempo. Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade. Recordo quando tinha 5 anos. Tudo era diferente. Havia muitas árvores nos parques. As casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um bom banho de chuveiro. Agora usamos toalhas em azeite mineral para limpar a pele. Antes, todas as mulheres mostravam suas formosas cabeleiras. Agora, raspamos a cabeça para mantê-la limpa sem água. Antes, meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje os meninos não acreditam que utilizávamos a água dessa forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam para CUIDAR DA ÁGUA, só que ninguém lhes dava atenção. Pensávamos que a água jamais poderia acabar. Agora, todas as nascentes, rios, lagoas e mantos aqüíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados. Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados. As infecções gastrintestinais, enfermidades da pele e das vias urinárias são as principais causas de morte. A indústria está paralisada e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são as principais fontes de emprego e pagam os empregados com água potável em vez de salário. Os assaltos por um litro de água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética. Antes, a quantidade de água indicada para se beber era oito copos por dia, por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo. Tivemos que voltar a usar as fossas sépticas, como no século passado, porque a rede de esgoto não funciona mais por falta de água. A aparência da população é horrorosa: corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele pelos raios ultravioletas que já não têm a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera. Com o ressecamento da pele, uma jovem de 20 anos parece ter 40. Os cientistas investigam, mas não há solução possível. Não se pode fabricar água, o oxigênio também está degradado por falta de árvores, o que diminuiu o coeficiente intelectual das novas gerações. Alterou-se a morfologia dos gametas de muitos indivíduos. Como conseqüência, há muitas crianças com insuficiências, mutações e deformações. O governo até nos cobra pelo ar que respiramos: cento e trinta e sete m3 por dia por habitante adulto. Quem não pode pagar é retirado das “zonas ventiladas”, que são dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam com energia solar. Não são de boa qualidade, mas se pode respirar. A idade média é de 35 anos. Em alguns países restam manchas de vegetação com o seu respectivo rio, que é fortemente vigiado pelo exército. A água tornou-se um tesouro muito cobiçado, mais do que o ouro ou os diamantes. Aqui não há árvores porque quase nunca chove. E quando chega a ocorrer uma precipitação, é de chuva ácida. As estações de ano foram severamente transformadas pelas provas atômicas e pela poluição das indústrias do século XX. Advertiam que era preciso cuidar do meio ambiente, mas ninguém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem, descrevo o quão bonitos eram os bosques. Falo da chuva e das flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e lagoas, beber toda a água que quisesse. O quanto nós éramos saudáveis! Ela pergunta-me: -Papai! Por que a água acabou? Então, sinto um nó na garganta! Não posso deixar de me sentir culpado porque pertenço à geração que acabou de destruir o meio ambiente, sem prestar atenção a tantos avisos. Agora, nossos filhos pagam um alto preço... Sinceramente, creio que a vida na Terra já não será possível dentro de muito pouco tempo, porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível. Como gostaria de voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto...enquanto ainda era possível fazer algo para salvar o nosso planeta Terra!
Créditos: Autor do slide: Ria Ellwalger – Texto: publicado na revista “Crônicas de los Tiempos”



sábado, 16 de outubro de 2010

Os dois olhos - Rubem Alves

           "Temos dois olhos. Com um nós vemos as coisas do tempo, efêmeras, que desaparecem. Com o outro nós vemos as coisas da alma, eternas, que permanecem." Assim escreveu o místico Ângelus Silésius.
No consultório do oftalmologista estava uma gravura com o corte anatômico do olho. Científica. Verdadeira. Naquela noite o mesmo oftalmologista foi se encontrar com sua bem-amada. Olhando apaixonado os seus olhos e esquecido da gravura pendurada na parede do seu consultório, ele falou: "Teus olhos, mar profundo...". No consultório ele jamais falaria assim. Falaria como cientista. Mas os olhos da sua amada o transformaram em poeta. Cientista, ele fala o que vê com o primeiro olho. Apaixonado, ele fala o que vê com o segundo olho. Cada olho vê certo no mundo a que pertence.
O filósofo Ludwig Wittgenstein criou a expressão "jogos de linguagem" para descrever o que fazemos ao falar. Jogamos com palavras... Veja esse jogo de palavras chamado "piada". O que se espera de uma piada é que ela provoque o riso. Imagine, entretanto, que um homem, em meio aos risos dos outros, lhe pergunte: "Mas isso que você contou aconteceu mesmo?". Aí você o olha perplexo e pensa: "Coitado! Ele não sabe que nesse jogo não há verdades. Só há coisas engraçadas".
Vamos agora para um outro jogo de palavras, a poesia: "e, no fundo dessa fria luz marinha, nadam meus olhos, dois baços peixes, à procura de mim mesma". Aí o mesmo homem contesta o que o poema diz: "Mas isso não pode ser verdade. Se a Cecília Meireles estivesse no fundo do mar, ela teria se afogado. E olhos não são peixes...".
Pobre homem. Não sabe que a poesia não é a linguagem para dizer as coisas que existem. É jogo para fazer beleza. A ciência também é um jogo de palavras. É o jogo da verdade, falar o mundo como ele é.
Acontece que nós, seres humanos, sofremos de uma "anomalia": não conseguimos viver no mundo da verdade, no mundo como ele é. O mundo como ele é é muito pequeno para o nosso amor. Temos nostalgia de beleza, de alegria e, quem sabe? de eternidade. Desejamos que as alegrias não tenham fim! Mas beleza e alegria, onde se encontram essas "coisas"? Elas não estão soltas no mundo, ao lado das coisas do mundo tal como ele é. Elas não são, existem não existindo, como sonhos, e só podem ser vistas com o "segundo olho". Quem as vê são os artistas. E se alguém, no uso do primeiro olho, objeta que elas não existem, os artistas retrucam: "Não importa. As coisas que não existem são mais bonitas" (Manoel de Barros). Pois os sonhos, no final das contas, são a substância de que somos feitos.
Como disse Miguel de Unamuno: "Recuerda, pues, o sueña tu, alma mia lá fantasia es tu sustância eterna lo que no fue; com tus fuguraciones hazte fuerte, que eso es vivir, y lo demás es muerte".
É no mundo encantado de sonhos que nascem as fantasias religiosas. As religiões são sonhos da alma humana que só podem ser vistos com o segundo olho. São poemas. E não se pode perguntar a um poema se ele aconteceu mesmo.
Jesus se movia em meio às coisas que não existiam e as transformava em parábolas, que são histórias que nunca aconteceram. E, não obstante a sua não-existência, as parábolas têm o poder de nos fazer ver o que nunca havíamos visto antes. O que não é o que nunca existiu, o que é sonho e poesia tem poder para mudar o mundo. "O que seria de nós sem o socorro das coisas que não existem?", perguntava Paul Valèry.

Leio os poemas da criação. Nada me ensinam sobre o início do universo e o nascimento do homem. Sobre isso falam os cientistas. Mas eles me fazem sentir amoravelmente ligado a esse mundo maravilhoso em que vivo, do qual minha vocação é ser jardineiro... Leio a parábola do Filho Pródigo, uma história que nunca aconteceu. Mas, ao lê-la, minhas culpas se esfumaçam e compreendo que Deus não soma débitos nem soma créditos...Dois olhos, dois mundos, cada um vendo bem no seu próprio mundo...
Aí vieram os burocratas da religião e expulsaram os poetas como hereges. Sendo cegos do segundo olho, os burocratas não conseguem ver o que os poetas vêem. E os poemas passaram a ser interpretados literalmente. E, com isso, o que era belo ficou ridículo. Todo poema interpretado literalmente é ridículo. Toda religião que pretenda ter conhecimento científico do mundo é ridícula.
Não haveria conflitos se o primeiro olho visse bem as coisas do seu lugar e o segundo olho visse bem as coisas do seu lugar. Conhecimento e poesia, assim, de mãos dadas, poderiam ajudar a transformar o mundo.
Rubem Alves, psicanalista e escritor, é professor emérito da Unicamp e colunista do caderno Sinapse. Autor de "A Escola com que Sempre Sonhei sem Imaginar que Pudesse Existir" (Papius), entre outras obras. 



sábado, 18 de setembro de 2010

Florbela Espanca (frase)

"Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse a chorar isto que sinto!"

domingo, 12 de setembro de 2010

Bons amigos


Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar.

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdadeou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!

Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!

Machado de Assis