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quinta-feira, 22 de novembro de 2012
domingo, 23 de setembro de 2012
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Não ames como os homens amam.
Não ames com amor.
Ama sem amor.
Ama sem querer.
Ama sem sentir.
Ama como se fosses outro.
Como se fosses amar.Sem esperar.
Tão separado do que ama, em ti,
Que não te inquiete
Se o amor leva à felicidade,
Se leva à morte, Se leva a algum destino.
Se te leva. E se vai, ele mesmo...
Não faças de ti Um sonho a realizar. Vai.
Sem caminho marcado.
Tu és o de todos os caminhos.
Sê apenas uma presença.
Invisível presença silenciosa.
Todas as coisas esperam a luz,
Sem dizerem que a esperam.
Sem saberem que existe.
Todas as coisas esperarão por ti,
Sem te falarem.
Sem lhes falares.
Sê o que renuncia Altamente:
Sem tristeza da tua renúncia!
Sem orgulho da tua renúncia!
Abre as tuas mãos sobre o infinito.
E não deixes ficar de ti Nem esse último gesto!
O que tu viste amargo, Doloroso, Difícil,
O que tu viste inútil
Foi o que viram os teus olhos Humanos,
Esquecidos...
Enganados...
No momento da tua renúncia
Estende sobre a vida Os teus olhos
E tu verás o que vias:
Mas tu verás melhor...
... E tudo que era efêmero se desfez.
E ficaste só tu, que é eterno.
Cecília Meireles
sábado, 1 de setembro de 2012
Ouço Deus
Ouço Deus no murmúrio das águas dos rios
Ouço Deus no furor de ciclones bravios
Ouço Deus no cantar matinal dos pardais
Ouço Deus no lamento dos pobres mortais.
Vejo Deus nas estrelas perenes de luz
Vejo Deus no esplendor que a alvorada traduz.
Sinto Deus no suave perfume da flor
Sinto Deus no adeus companheiro da dor
Sinto Deus na saudade que evoca lembranças
Sinto Deus no morrer de febris esperanças
Sinto Deus na tristeza de ver-te partir
Sinto Deus na tua volta, irmão a sorrir.
Ouço Deus no murmúrio das águas dos rios
Ouço Deus no furor de ciclones bravios
Ouço Deus no cantar matinal dos pardais
Ouço Deus no lamento dos pobres mortais.
Vejo Deus nas estrelas perenes de luz
Vejo Deus no esplendor que a alvorada traduz.
Sinto Deus no suave perfume da flor
Sinto Deus no adeus companheiro da dor
Sinto Deus na saudade que evoca lembranças
Sinto Deus no morrer de febris esperanças
Sinto Deus na tristeza de ver-te partir
Sinto Deus na tua volta, irmão a sorrir.
Autor desconhecido
sábado, 11 de agosto de 2012
Vida
e a Morte
O que é a vida e a morte
Aquela infernal inimiga
A vida é o sorriso
E a morte da vida a guarida
A morte tem os desgostos
A vida tem os felizes
A cova tem as tristezas
a vida tem as raízes
A vida e a morte são
O sorriso lisonjeiro
E o amor tem o navio
E o navio o marinheiro
Florbella Espanca
domingo, 8 de julho de 2012
Um
céu numa flor silvestre
Conhece-se a beleza dádiva dos deuses por aquilo que
ela produz na alma dos homens.
Quem é possuído por ela entra em êxtase:
cessa o riso, cessa o choro, o pensamento pára,
a fala emudece.
É mística.
A alma está tomada pela felicidade
da tranquilidade absoluta.
Era assim que se sentia o Criador ao contemplar,
ao final de cada dia de trabalho,
o resultado da sua obra:
“Está muito bom!
Do jeito que deveria ser!
Nada há de ser modificado!
Amém!”
Rubem Alves
terça-feira, 3 de julho de 2012
Onde você vê
Onde você vê um obstáculo,
alguém vê o término da viagem
e o outro vê uma chance de crescer.
Onde você vê um motivo pra se irritar,
Alguém vê a tragédia total
E o outro vê uma prova para sua
paciência.
Onde você vê a morte,
Alguém vê o fim
E o outro vê o começo de uma nova
etapa...
Onde você vê a fortuna,
Alguém vê a riqueza material
E o outro pode encontrar por trás de
tudo, a dor e a miséria total.
Onde você vê a teimosia,
Alguém vê a ignorância,
Um outro compreende as limitações do
companheiro,
percebendo que cada qual caminha em seu
próprio passo.
E que é inútil querer apressar o passo do
outro,
a não ser que ele deseje isso.
Cada qual vê o que quer, pode ou consegue
enxergar.
'Porque eu sou do tamanho do que vejo.
E não do tamanho da minha altura.'
Fernando Pessoa
quinta-feira, 28 de junho de 2012
O Espelho de Gandhi...
O caminho para a felicidade não é reto.
Existem curvas chamadas EQUÍVOCOS,
existem semáforos chamados AMIGOS,
luzes de cautela chamadas FAMÍLIA,
e tudo se consegue se tens:
um estepe chamado DECISÃO,
um motor poderoso chamado AMOR,
um bom seguro chamado FÉ,
combustível abundante chamado PACIÊNCIA,
mas, acima de tudo,
um motorista habilidoso chamado DEUS!
Perguntaram a Mahatma Gandhi quais são
os fatores que destroem os seres humanos.
Ele respondeu:
A Política, sem princípios;
o Prazer, sem compromisso;
a Riqueza, sem trabalho;
a Sabedoria, sem caráter;
os Negócios, sem moral;
a Ciência, sem humanidade;
a Oração, sem caridade.
A vida me ensinou:
que as pessoas são amigáveis, se eu sou amável,
que as pessoas são tristes, se estou triste,
que todos me querem, se eu os quero,
que todos são ruins, se eu os odeio,
que há rostos sorridentes, se eu lhes sorrio,
que há faces amargas, se eu sou amargo,
que o mundo está feliz, se eu estou feliz,
que as pessoas ficam com raiva quando eu estou com raiva,
que as pessoas são gratas, se eu sou grato.
A vida é como um espelho:
se você sorri para o espelho, ele sorri de volta.
A atitude que eu tomar perante a vida é
a mesma que a vida vai tomar perante mim.
"Quem quer ser amado, ame !"
sexta-feira, 25 de maio de 2012
A vida
Na água do rio que procura o mar;
No mar sem fim; na luz que nos encanta;
Na montanha que aos ares se levanta;
No céu sem raias que deslumbra o olhar;
No astro maior, na mais humilde planta;
Na voz do vento, no clarão solar;
No inseto vil, no tronco secular,
— A vida universal palpita e canta!
Vive até, no seu sono, a pedra bruta...
Tudo vive! E, alta noite, na mudez
De tudo, – essa harmonia que se escuta
Correndo os ares, na amplidão perdida,
Essa música doce, é a voz, talvez,
Da alma de tudo, celebrando a Vida!
No mar sem fim; na luz que nos encanta;
Na montanha que aos ares se levanta;
No céu sem raias que deslumbra o olhar;
No astro maior, na mais humilde planta;
Na voz do vento, no clarão solar;
No inseto vil, no tronco secular,
— A vida universal palpita e canta!
Vive até, no seu sono, a pedra bruta...
Tudo vive! E, alta noite, na mudez
De tudo, – essa harmonia que se escuta
Correndo os ares, na amplidão perdida,
Essa música doce, é a voz, talvez,
Da alma de tudo, celebrando a Vida!
Olvavo Bilac
sábado, 12 de maio de 2012
Mãe
Mãe...São três letras apenas
As desse nome bendito:
Também o Céu tem três letras...
E nelas cabe o infinito.
Para louvar nossa mãe,
Todo o bem que se disse
Nunca há de ser tão grande
Como o bem que ela nos quer...
Palavra tão pequenina.
Bem sabem os lábios meus
Que és do tamanho do Céu
E apenas menor que Deus!
Mário Quintana
sábado, 21 de abril de 2012
Saudade
Saudade é um pouco como fome.
Só passa quando se come a presença.
Mas às vezes a saudade é tão profunda
que a presença é pouco:
quer-se absorver a outra pessoa toda.
Essa vontade de um ser o outro
para uma unificação inteira
é um dos sentimentos mais urgentes
que se tem na vida.
(Clarice Lispector)
domingo, 26 de fevereiro de 2012
Retrato
Eu não tinha este rosto hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem lábio amargo
Eu não tinha estas mãos sem forças,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
A minha face?
Cecília Meireles
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
Solemnia Verba
Disse ao meu coração: Olha por quantos
Caminhos vãos andámos! Considera
Agora, desta altura, fria e austera,
Os ermos que regaram nossos prantos...
Pó e cinzas, onde houve flor e encantos!
E a noite, onde foi luz a Primavera!
Olha a teus pés o mundo e desespera,
Semeador de sombras e quebrantos!
Porém o coração, feito valente
Na escola da tortura repetida,
E no uso do pensar tornado crente,
Respondeu: Desta altura vejo o Amor!
Viver não foi em vão, se isto é vida,
Nem foi demais o desengano e a dor.
Antero de quental
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